Torturadores

Relação de militares brasileiros alunos da escola de tortura “School of Americas”

Grupo Tortura Nunca Mais/RJ (GTNM/RJ), tendo recebido lista de instrutores e alunos da“School of Americas”, referente aos anos de1954 a 1995, pesquisou os nomes ali constantes em diversas fontes. Principalmente, em lista da própria entidade e nos 12 volumes do Projeto Brasil Nunca Mais, coordenado pela Arquidiocese de São Paulo, encontrou alguns militares ligados à tortura política e ao aparato de repressão que existiu em nosso país nos anos 60 e 70. É importante ressaltar que o Projeto Brasil Nunca Mais é a microfilmagem de muitos dos processos que se encontram no Superior Tribunal Militar, em Brasília, referentes ao período de1964 a 1979. Trata-se, portanto, de documentação oficial que não pode ser rotulada de facciosa. Os resultados das pesquisas realizadas apontam para:

LISTA DE INSTRUTORES 

1 – MOYSÉS THOMPSON DO NASCIMENTO – Primeiro Sargento do Exército, serviu no 1° BC de Goiânia em 1964. Em 1971, esteve no Forth Gullick, na Zona do Canal (Panamá), como instrutor. Consta da lista do GTNM/RJ como membro do aparato de repressão. Foi instrutor da “Escola das Américas”, de 27 de outubro de1971 a 08 de novembro de 1972.

2 – JOSÉ FRANCISCO LAMAS PORTUGAL – Como Primeiro Tenente de Infantaria do Exército, serviu no 2° Batalhão de Polícia do Exército, em São Paulo, em 1970. Consta da lista do GTNM/RJ como membro do aparato de repressão. Foi instrutor da “Escola das Américas”, de 27 de novembro de1989 a 27 de novembro de 1990.

LISTA DOS ALUNOS

1 – LUIZ ALBERTO DE SOUZA – Aparece na lista do GTNM/RJ como membro do aparato de repressão sendo, em 1966, Capitão intendente servindo no III Exército.

Cursou a “Escola das Américas” em 1959, de 08 de setembro a 09 de dezembro, quando Capitão, concluindo o curso “Military Police Office”.

2 – ALTEVIR LOPES – Seu nome consta do Projeto Brasil Nunca Mais (BNM) no volume “Os Funcionários”, pag. 63, na lista de “Elementos Ligados a Prisões e Cercos”. Esta denúncia foi feita em dezembro de 1968, apontando-o como Tenente-Coronel, atuando na Polícia Militar do Paraná, envolvido diretamente em prisões e cercos. Foi citado no Processo 477/68 da 5° Região Militar.

Cursou a “Escola das Américas”, em 1960, de 14 de março a 03 de junho, quando capitão, concluindo o curso de “Military Police Office”.

3 – PAULO MAGALHÃES – Aparece como Francisco Paulo Manhães à pag. 19 do volume “Os Funcionários” do BNM, na lista de “Elementos Envolvidos Diretamente em Torturas”, como Capitão do Exército, trabalhando no Centro de Informações do Exército – CIE, na Polícia do Exército-RJ, em 1969. Dois presos políticos denunciam sua atuação em torturas: Sérgio Ubiratan Manes e Paulo Roberto Manes. O primeiro, em 1969, tinha 19 anos, era estudante e em Auditoria Militar declarou: “ … que, sofreu torturas, foi espancado na PE sediada à Rua Barão de Mesquita; que deseja declinar o nome dos seus torturadores e que foi torturado pelo Capitão do CIE Francisco Paulo Manhães … ”.

O segundo testemunho é de Paulo Roberto Manes que, em 1969, tinha 20 anos e era estudante, e declarou em Auditoria Militar: “ … que tem queixas da coação que sofreu vinda da pessoa do Capitão Francisco Paulo Manhães do CIE … ”.

Tais declarações encontram-se, respectivamente, às pags. 728 e 474 do Vol. III, “As Torturas” e fazem parte do Processo n° 648 da 2° Auditoria da Marinha.

Seu nome ainda aparece na mesma lista de envolvidos diretamente em torturas como “Manhães” atuando no Rio Grande do Sul, em 1970, e tendo

sido denunciado por Paulo Roberto Telles Franck que tinha na ocasião 27 anos, era eletricista, e na Auditoria Militar declarou: que “ … de volta ao DOPS, foi submetido a choques em várias partes da cabeça …; que foi obrigado a ingerir tóxicos; que durante o tempo que estava no pau-de arara havia elementos que cuspiam e urinavam no rosto do interrogado, afora outros tipos de torturas psicológicas …. Foi perguntado se podia dizer o nome de algumas pessoas que o torturaram … declinou o nome Manhães que se dizia do Rio.”

Este depoimento encontra-se no Vol. III “As Torturas”, pag. 477 e faz parte do Processo n° 34/70 da 1° Auditoria do Exército.

O nome de Paulo Magalhães (como aparece na lista de alunos da “Escola das Américas”) consta da lista de membros dos órgãos de repressão do GTNM/RJ como Capitão da Cavalaria do Exército, servindo na Polícia do Exército/RJ, tendo sido comissionado no DOI-CODI/RJ em 1969. Entre 1970 e 1972 esteve no Centro de Informações de Exército-RS, atuando na repressão em vários Estados. Em 1972, esteve combatendo a Guerrilha do Araguaia na Brigada de Paraquedistas, sendo conhecido como Dr. Pablo. Serviu no gabinete do Ministro do Exército em 1974; em 1986 era Tenente-Coronel. Seu nome aparece ora como Paulo Manhães ora como Paulo Malhães.

Ainda no Projeto BNM consta como Paulo Magalhães no volume “Os Funcionários”, pag. 76 na lista de “Elementos Envolvidos em Prisões e Cercos”. Esta denúncia é de julho de 1969, atuando junto ao DOPS/RJ, desempenhando papel de membro dos órgãos de repressão, envolvido em prisões e cercos. Tal informação encontra-se no Processo n°24/69 da 1° Auditoria do Exército.

Cursou a “Escola das Américas” em 1959, de 08 de setembro a 09 de dezembro, quando ainda era 2° Tenente, tendo concluindo o curso “Military Police Officer”.

4 – THAUMATURGO SOTERO VAZ – Oficial de Infantaria do Exército, foi paraquedista com Cursos de Guerrilha na Selva feitos na Zona do Canal do Panamá pela “Escola das Américas”. Recebeu a “The Army Commedation Medal” e no Brasil a Medalha do Pacificador, esta em 1969. Participou da repressão à Guerrilha do Araguaia. Algumas fontes o denunciam erradamente como Daumaturgo. Estas informações encontram-se na lista do GTNM/RJ de membros do aparato de repressão.

Em depoimento feito ao GTNM/RJ o ex-preso político Danilo Carneiro, confirmou que foi torturado pessoalmente por Sotero Vaz. Este militar também comandou outras torturas feitas a Danilo, em 1972, na Rodovia Transamazônica e em Marabá. Esta denúncia consta na 9° Vara Federal de Justiça num processo que Danilo Carneiro move contra a União por perdas e danos, onde dentre outros torturadores, é denunciado Thaumaturgo Sotero Vaz.

Em 1962 fez a “Escola das Américas”, quando era Capitão, no período de 24 de setembro a 30 de novembro.

– WALFRIDO SILVA – Seu nome aparece no Projeto BNM, no volume “Os Funcionários”, na pag. 118, na lista de “Elementos Envolvidos em Diligências e Investigações”. A denúncia, de 1969, coloca-o como Major, atuando em Goiânia, como encarregado de IPM (Inquérito Policial Militar), tendo também participado de diligências e investigações. Estas informações constam do Processo n° 41/70 da 11° Região Militar.

Cursou a “Escola das Américas”, em 1964, como Capitão, no período de10 a28 de agosto, diplomando-se em “Operações na Selva”.

6 – CLEMENTE JOSÉ MONTEIRO FILHO – Seu nome aparece no Projeto BNM, no volume “Os Funcionários”, em quatro listas. Na primeira, às pags. 12 e 28, de “Elementos Envolvidos Diretamente em Torturas”, é denunciado como Capitão de Mar e Guerra do Corpo de Fuzileiros Navais, atuando em 1969 no CENIMAR – Centro de Informações da Marinha. Na pag. 12 aparece como Clemente José Monteiro sendo denunciado pelos presos políticos abaixo, em Auditorias Militares: Humberto Trigueiros Lima, Iná de Souza Medeiros, Marta Maria Klagsbrunn, Marta Mota Lima Alvarez, Sebastião Medeiros Filho e Luis Carlos de Souza Santos.

O depoimento de Humberto Trigueiros Lima que, em 1969 era estudante com 21 anos, consta da pag. 190 à 192 do Volume II – “As Torturas”, afirma que: “… Antônio Rogério da Silveira afirmou ter sido torturado por meio de choques elétricos, pancadas, pau-de-arara, tanto na Polícia Federal do Paraná, como na Base Naval da Ilha das Flores, sendo que ai, por ordem do encarregado do Inquérito, Capitão de Mar e Guerra Clemente José Monteiro Filho; que pode ainda constatar que àquela época Antônio Rogério estava evacuando sangue, o que começou a acontecer depois de ter sido submetido a choques elétricos no ânus …”.

O depoimento de Iná de Souza Medeiros que, em 1969, era estudante com 21 anos, consta da pág. 208 à 210 do Volume II – “As Torturas”. Declara

que: “… foi levada à presença do Clemente, encarregado do Inquérito, na Ilha das Flores, sob a alegação de que iria prestar esclarecimentos; que o Comandante indicou outro local para que o guarda a conduzisse; que assim foi levada para uma casa abandonada chamada Ponta dos Oitis; que lá três pessoas … que pertenciam ao CENIMAR … mandaram a declarante despir-se; … foi espancada com fio molhado; … como não encontrassem palmatória, começaram a espancá-la com a mão mesmo; … foi amarrada por fios e passaram a lhe aplicar choques elétricos; que neste estado permaneceu até à noite, quando foi conduzida para a cela; … vê como estão sendo torturadas as moças do outro Inquérito, chamado de Inquérito de Ação Popular, chefiado também pelo Comandante Clemente; que essas moças passaram … várias torturas ainda piores que as da declarante; … levaram ferro na unha, choque elétrico, afogamentos, …”.

A terceira denúncia, de Sebastião Medeiros Filho que, em 1969, tinha 23 anos, está contida às pags. 705 e 706 do Volume III – “As Torturas”, afirma que: “ … depois de ter sido torturado no Paraná, foi transferido para a Ilha das Flores onde foi colocado num banheiro sem cama, completamente despido durante treze dias, quando foi retirado para assinar o depoimento …; que as verdadeiras declarações que fez em presença do Comandante Clemente não foram transcritas no seu depoimento”.

As declarações de Luiz Carlos de Souza Santos sobre Tiago Andrade de Almeida, feitas em 1969 e contidas à pag. 788 do Volume III – “As Torturas”, informam que: “… em 28 de maio de 1969 foi colocado diante de Tiago Andrade de Almeida, completamente esquartejado, com inflamações no ouvido devido aos “telefones”, sendo segurado, pois não se agüentava em pé, pelos policiais vindos do Paraná, segundo lhe consta por ordem do Comandante Clemente”.

A denúncia de Marta Mota Lima Alvarez que, em 1969, era estudante com 20 anos, consta da pag. 191 do Volume III – “As Torturas” e informa que; “… o seu depoimento era batido na casa do … Clemente, na Ilha das Flores, para onde era levada a depoente; que este depoimento era lido e interrompido várias vezes com ameaças de torturas e pancadas se a depoente não concordasse com o que havia sido feito no dito depoimento; … que na Ilha das Flores lhe tocavam a corneta no ouvido; que o Comandante Clemente entrou no recinto e lhe disse que não podia fazer nada …”.

Todos esses depoimentos encontram-se no Processo n° 70/69 da 1° Auditoria da Marinha.

Há ainda um depoimento no Processo n° 43/69 da 1° Auditoria da Aeronáutica, de Marta Maria Klagsbrunn, contido da pag. 188 à 190 do Volume III – “As Torturas”. Em 1969 era estudante com 23 anos e fez as seguintes denúncias: “… que o primeiro encarregado do IPM … não estava de acordo com os métodos empregados na Ilha das Flores, foi afastado e substituído pelo Comandante Clemente que se dedicava a torturar psicologicamente os presos, afim de assinarem o que desejava; quer responsabilizar o Comandante Clemente pelas condições desumanas da prisão da Ilha das Flores”.

Na pag. 28 do volume “Os Funcionários” há uma denúncia contra José Clemente Monteiro feita pela presa política Marijane Vieira Lisboa, contida às pags. 153 e 154 do Volume III – “As Torturas”. Declara em 1969, enquanto estudante com 23 anos, que: “… o Comandante foi afastado do Inquérito e nomeado em seu lugar o Comandante José Clemente Monteiro; que, é essa pessoa, a quem deve atribuir os sofrimentos que lhe foram infligidos, pois além de encarregado do Inquérito, era o Comandante da Ilha”. Este depoimento encontra-se também no Processo n° 43/69 da 1° Auditoria da Aeronáutica.

Em depoimento dado ao GTNM/RJ a ex-presa política Maria Dalva de Castro Bonet afirma que: “Conheci este senhor no DOI-CODI/RJ, em 1972, e lá soube chamar-se Clemente da Ilha das Flores. Eu estava muito doente e já não me alimentava, pois havia perdido o paladar em virtude das torturas sofridas. Estas, eram diferentes da minha prisão anterior: agora eram de privação de sentidos. Mantinham-me viva com injeções de glicose na veia. Eles diziam que haviam feito muitos cursos para chegarem àquele resultado …. Este senhor invadiu minha cela, me espancou e novamente aplicou-me eletro choques para que “confessasse” o conteúdo do relatório sobre torturas que me acusava de ter escrito …”.

O nome de José Clemente Monteiro aparece numa segunda lista do Projeto BNM, à pag. 62 do mesmo volume “Os Funcionários”, como “Elemento Envolvido em Prisões e Cercos”. É denunciado como Capitão de Mar e Guerra, atuando no Rio de Janeiro. Este depoimento, feito em agosto de 1970, acusa-o de ser funcionário de presídio da Marinha, estando envolvido diretamente em prisões e cercos e consta do Processo 32/70 da 2° Auditoria.

Uma terceira lista, às pags. 89 e 90 do mesmo volume “Os Funcionários”, de “Elementos Envolvidas em Diligências e Investigações”, aponta o nome de José Clemente Monteiro. São duas as denúncias: a primeira, de julho de 1964, indica-o como elemento da Marinha no Rio de Janeiro, participando de diligências e investigações e consta do Processo n° 8216/65 da 1° Auditoria da Marinha. A segunda denúncia é de junho de 1969 e indica-o também como Capitão de Mar e Guerra, atuando no Rio de Janeiro, em diligências e investigações e consta do Processo n° 56/69-S da 1° Auditoria.

Na lista de membros do aparato de repressão do GTNM/RJ, Clemente José Monteiro Filho aparece como tendo feito o Curso de Informações no Panamá e tendo sido Comandante da Ilha das Flores de1968 a1970.

Fez a “Escola das Américas” em 1965, participando do Curso “Millitary Intelligence”, no período de 11 de janeiro à 30 de abril.

7 – HÉLIO LIMA IBIAPINA – Na lista do GTNM/RJ aparece como Coronel do Exército em 1964, quando serviu na Companhia de Guardas da 7° Região Militar, no Recife, sendo membro do aparato de repressão.

Atualmente é presidente do Clube Militar no Rio de Janeiro.

Cursou a “Escola das Américas”, ainda como Tenente Coronel, em 1966, tendo se diplomado em “Millatry Intelligence Phase1”.

Maiores informações ver Dossiê feito pelo GTNM/RJ em anexo.

8 – JOÃO PAULO MOREIRA BURNIER – Na lista do GTNM/RJ há informações de que comandou a III Zona Aérea, estando envolvido no Caso PARASAR em 1968. Participou do CISA – Centro de Informações da Aeronáutica – de1970 a 1971, tendo sido responsável pelas torturas e morte do desaparecido político Stuart Edgard Angel Jones, em junho de 1971. Tal denúncia foi feita à época pelo preso político Alex Polari de Alverga que testemunhou as torturas de Stuart (arrastado por um jipe, com a boca no cano de descarga do veículo, pelo pátio interno do CISA, na Base Aérea do Galeão) e sua morte. Tais torturas, segundo Alex, tiveram a participação direta de Burnier. Este fato também foi denunciado pelo genro de Stuart, João Luis de Moraes, em um vídeo (Sônia Morta Viva) e em um livro (O Calvário de Sônia Angel nos Porões da Ditadura).

Fez, em1967, a“Escola das Américas”, ainda como Coronel, diplomando-se em “Military Intelligence Phase1”, no período de 02 de outubro a 07 de dezembro.

9 – CARLOS ALBERTO CÂMARA BRAVO – Consta na lista de membros do aparato de repressão do GTNM/RJ como sendo Coronel Aviador servindo na Base Aérea de Recife e, posteriormente, em 1973, comandando o Campo dos Afonsos (RJ).

Nos 12 volumes do Projeto BNM, consta o nome de Carlos Alberto Bravo de Câmara, à pag. 196 do volume “Os Funcionários”, na lista de “Membros dos Órgãos da Repressão”. A denúncia foi feita em setembro de 1971, sendo ele Tenente-Coronel aviador, atuando no CISA do Rio de Janeiro. Tal informação encontra-se no Processo 13/72-C da 2° Auditoria da Marinha.

Fez, em1967, a“Escola das Américas”, graduando-se no “Military Intelligence Phase1”, no período de 21 de agosto a 06 de outubro e no “Counter Intelligence Off”, de 02 de outubro a 07 de dezembro.

10 – SÉRGIO MAZZA DE AZEVEDO – Consta na lista de membros do aparato de repressão do GTNM/RJ que, como Sargento do Exército, de1964 a 1969, serviu no PIC – Pelotão de Investigações Criminais – do 1° Batalhão da Polícia do Exército/RJ.

Em 1968, fez a “Escola das Américas”, como 3° Sargento, diplomando-se nos Cursos “Combat Intelligence”, no período de 19 de agosto a 04 de outubro e no “Advanced Radio Rapair”, de 09 de setembro a 13 de dezembro.  O:P>

11 – BISMARCK BARACUHY AMÂNCIO RAMALHO – Seu nome aparece nos 12 volumes do Projeto BNM em dois tipos de lista no volume “Os Funcionários”. Na primeira, à pag. 65, referente aos “Elementos Ligados a Prisões e Cercos”, há duas denúncias: uma de junho de 1968, colocando-o como Major do Exército, atuando em Pernambuco. Era escrivão de IPM, mas participava de prisões e cercos. Esta denúncia consta do Processo n° 576/68-C da 2° Auditoria da Marinha. A segunda denúncia desta lista é de novembro de 1964, colocando-o como Capitão do Exército, atuando no Espírito Santo, também como escrivão de IPM, mas participando de prisões e cercos. Tal informação encontra-se no Processo n° 39/65 da 7° Região Militar.

A 2° lista em que seu nome aparece por duas vezes, refere-se a “Elementos que Participavam de Diligências e Investigações”. À pag. 88 as denúncias dizem respeito a: em agosto de 1969, como Major do Exército,

atuava no Rio de Janeiro. Tal informação encontra-se no Processo n° 58/69 da 2° Auditoria do Exército. A segunda denúncia é de março de 1965 e aponta-o como Capitão do Exército, atuando em Pernambuco como membro de escolta. Tal informação encontra-se no Processo n° 7735 da 2° Auditoria do Exército.

Bismarck B. A. Ramalho fez a “Escola das Américas”, em 1967, como Major, diplomando-se em “Military Intelligence – Phase II”, no período de 20 de fevereiro a 28 de abril.

12 – JOÃO FLÁVIO DE FREITAS COSTA – Seu nome aparece nos 12 volumes do Projeto BNM, à pag. 100 do volume “Os Funcionários”, como 2° Soldado da Aeronáutica, atuando no Pará em diligências e investigações. Esta denúncia, de agosto de 1969, aparece no Processo n  152/69.

Fez a “Escola das Américas”, em 1967, como 2° Sargento, diplomando-se em “Counter Intelligence”, no período de 26 de junho a 25 de agosto.

13 – FRANCISCO RENATO MELLO – Seu nome aparece nos 12 volumes do Projeto BNM, à pag. 68 do volume “Os Funcionários”, como Capitão Aviador, atuando no DOI-CODI de São Paulo, sendo encarregado de IPM, mas também envolvido em prisões de cercos. Esta denúncia de junho de 1964 encontra-se no Processo n  245/64 da 2° Auditoria do Exército.

Fez “Escola das Américas”, em 1967, como Major, diplomando-se em “Military Intelligence – Phase I”, no período de 21 de agosto a 06 de outubro.

14 – MAURO BATISTA LOBO – Seu nome aparece nos 12 volumes do projeto BNM, à pag. 109 do volume “Os Funcionários”. É denunciado em agosto de 1969, como 1° Sargento do Exército, atuando no Rio de Janeiro, em diligências e investigações. Tal informação encontra-se no Processo n° 58/69 da 2° Auditoria do Exército.

Fez “Escola das Américas”, em 1967, como 1° Sargento, diplomando-se em “Counter Intelligence”, no período de 26 de junho a 25 de agosto.

15 – UBIRAJARA ESCÓRCIO – Aparece nos 12 volumes do Projeto BNM, à pag. 117 do volume “Os Funcionários”, na lista de “Elementos Envolvidos em Diligências e Investigações” com três denúncias. A primeira, de abril de 1967, coloca-o atuando no Rio de Janeiro em diligências e investigações e consta do Processo n° 50/67.

A segunda denúncia, de abril de 1964, aponta-o como 3° Sargento, atuando no Rio de Janeiro, em diligências e investigações e consta do Processo n° 1574 da 3° Auditoria do Exército.

A terceira denúncia, de novembro de 1964, aponta-o também como 3° Sargento, atuando no Rio de Janeiro em diligências e investigações e consta do Processo n° 7.509 da 2° Auditoria do Exército.

Fez “Escola das Américas”, em 1968, como 3° Sargento, diplomando-se em “Combat Intelligence”, no período de 19 de agosto a 04 de outubro.

16 – JOSÉ GOMES DA SILVA – Aparece nos 12 volumes do Projeto BNM, à pag. 180 do volume “Os Funcionários”. A denúncia de agosto de 1964, coloca-o como soldado atuando na Polícia Militar de Pernambuco, como colaborador e informante. Tal informação consta do Processo n° 146/65.

Fez “Escola das Américas”, em 1969, como 2° Sargento, diplomando-se em “Military Police”, no período de 21 de julho a 12 de setembro.

17 – PAULO RUBENS SCHOLOENBACK – Aparece nos 12 volumes do Projeto BNM, à pag. 77 do volume “Os Funcionários”, na lista de “Elementos Envolvidos em Prisões e Cercos”. A denúncia, de outubro de 1969, aponta-o como sendo Capitão da Aeronáutica, atuando em São Paulo em prisões e cercos e encontra-se no Processo n° 197/69 da 2° Auditoria do Exército.

Fez “Escola das Américas”, em 1970, como Capitão, diplomando-se em “Inteligencía Militar para Oficiales”, no período de 05 de janeiro a 24 de abril.

18 – CLODOALDO PAES CABRAL – Seu nome aparece na lista do Grupo Tortura Nunca Mias/RJ, como membro dos órgãos de repressão. Em 1969, era 2° Sargento do Exército, servindo no PIC do 1° Batalhão da Polícia do Exército no Rio de Janeiro. Em 1972, recebeu a Medalha do Pacificador.

Fez “Escola das Américas”, em 1970, como 2° Sargento, diplomando-se em “Inteligencía Militar para Alistados”, no período de 06 de julho a 23 de outubro.

19 – LUCIO VALLE BARROSO – Seu nome aparece nos 12 volumes do Projeto Brasil Nunca Mais, à pag. 08 do volume “Os Funcionários”, como elemento ligado diretamente à tortura.

A denúncia feita em 1971, coloca-o como Capitão, atuando no CISA do Rio de Janeiro (Base Aérea do Galeão) e é feita pelo preso político Alex Polari de Alverga, nos Processos n° 85 da 1° Auditoria da Marinha; n° 89/71-T da 1° Auditoria da Aeronáutica e n° 307/71 da 2° Auditoria da Marinha. Declara Alex que, em 1971, tinha 21 anos e era estudante, e em Auditoria Militar denunciou que: “… foi também interrogado no CISA pelo delegado Sérgio Fleury, que a tortura foi comandada pelo Brigadeiro Delamora, Coronel Alcântara, capitão Lúcio Barroso … que o declarante também sofreu torturas no CISA, na Base Aérea do Galeão, praticados pelo Brigadeiro Delamora, Coronel Alcântara, Capitão Lúcio Barroso …, que o declarante veio a saber dos nomes acima referidos por serem notórios torturadores …; foi encaminhado ao CISA, onde sofreu também torturas (pau-de-arara, choques elétricos, afogamentos e injeção de pentotal); que neste local as torturas lhe foram aplicadas pelo diretor do CENIMAR, pelo Coronel Alcântara e pelo capitão Barroso …; no CISA passou 25 dias sendo torturado …”. Estas declarações encontram-se da pag. 222 à 229 do Volume I – “As Torturas”, do Projeto Brasil Nunca Mais.

Na lista do GTNM/RJ, o nome de Lúcio Valle Barroso aparece como membro dos órgãos da repressão, sendo em 1971, Capitão Aviador, atuando no CISA/RJ, e tendo o codnome de Dr. Celso. Em 1972 foi transferido para Brasília.

Fez “Escola das Américas”, em 1970, como Capitão, diplomando-se em “Inteligencía Militar para Oficiales”, no período de 05 de janeiro a 24 de abril.

Rio de Janeiro, 07 de junho de 1999

 

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10 comentários

  1. Prezado Aluizio Palmar,

    Parabéns pelo magnífico trabalho de documentação da barbárie capitalista. Tomei a liberdade de reproduzir esta postagem em meu blog LUTA POPULAR.
    Vivemos uma situação muito difícil, é verdade, mas nunca nos derrotarão.

    Um abraço,
    Zantonc

    1. É isso. Aluta se trava no dia a dia e pela web tb

  2. Parabéns pelo seu trabalho Aluisio Palmar,fico feliz por existir gente indignada com os desmandos desses terroristas,pois barbarizaram e ainda riem dos mortos nossos irmãos ,tenho meu irmão de nome José Rosa da Cruz morto de forma não esclarecida com envolvencia de um coronel comandante do primeiro batalhão de fronteira em Foz do Iguassu Pr, em 1967 digo em 25/07/1967,sei o local onde foi enterrado o seu corpo ,e tinha mais pessoas desconhecidas fuziladas no mesmo dia,meu irmão era antigo integrante do Grupo dos Onzes.

  3. Claudia diz:

    Prezado Aluizio

    Dos nomes que contam da lista de alunos da SOA em outra pagina neste site apenas alguns estao citados nesta pagina. Isto se deve ao fato de aqui aparecerem apenas os alunos militares que tiveram vinculo direto com as tortura ou repressao, estou certa ou errada. Poderia me esclarecer essa curiosidade.

    Parabens pelo trabalho!

    Cumprimentos, Claudia

  4. Candido Luiz Santos Malta diz:

    Nenhum Regulamento Militar Brasileiro e nenhuma Lei de nosso país autoriza a barbárie como método para ser usado como meio de interrogatório. Portanto o Estado Brasileiro não pode ser responsabilizado pelo uso de tais métodos sem que seus utilizadores sejam devidamente responsabilizados. Ao não proceder sem responsabilizar os que delinquiram e tão somente o Estado, a Justiça Brasileira está sendo conivente com os criminosos e, dessa forma, abrindo um perigoso precedente para futuras desobediências às Leis e aos Regulamentos Castrenses, deixando o povo brasileiro juridicamente inseguro e os infratores protegidos. Além do mais as instituições militares, que foram as mais usadas para a insubordinação e os crimes dos generais, ficarão moralmente desacreditadas até que surja uma autoridade que determine aos seus comandantes responsabilizar todos os militares envolvidos..

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