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Lourdes Maria Pontes, auto de resistência para encobrir morte na tortura

A morte de Lourdes Maria Pontes e seu companheiro Valdir Sales Saboya é um dos muitos mistérios do período da ditadura civil-militar.Segundo algumas testemunhas, ambos foram presos em 29 de dezembro de 1972. Porém, os órgãos de repressão insistem com a versão de que Lourdes e Saboya morreram durante ao resistirem à prisão.

Nos documentos em anexo, liberados pelo Movimento Tortura Nunca Mais de Pernambucos, Lourdes aparece com o nome frio de Luciana Ribeiro da Silva.Naqueles anos de perseguição os militantes usavam documentos com outros nomes para se protegerem. Nesses documentos a repressão insiste com a versão da morte por resistência à prisão, porém, o texto abaixo, produzido pelos órgãos de defesa dos direitos humanos e no livro “Luta Substantivo Feminino”, as declarações coletadas contradizem a versão oficial.

LOURDES MARIA WANDERLEY PONTES

Militante do PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO REVOLUCIONÁRIO (PCBR).

Nasceu em Olinda, Pernambuco, em 31 de março de 1943, filha de Antonio Araújo Neves e Tereza Wanderley Neves.

Estudou o primário e o ginásio em Recife, não chegando a concluir seus estudos por seu envolvimento político a partir de 1968. Em 23 de fevereiro de 1969 casou-se com Paulo Pontes. Devido à repressão política, mudaram-se para Natal, RN, ali vivendo por algum tempo. Novamente perseguidos, em fevereiro de 1970, mudaram-se para Salvador, Bahia. No mesmo ano, Paulo foi preso e Lourdes mudou-se para o Rio de Janeiro.

Morta aos 30 anos de idade, no Rio de Janeiro, em circunstâncias ainda não esclarecidas, em 29 de dezembro de 1972, junto com Valdir Sales Saboya. Segundo a repressão, teriam sido mortos no “aparelho” da Rua Sargento Valder Xavier de Lima, n° 12, fundos.

O corpo de Lourdes entrou no IML como Luciana Ribeiro de Almeida, pela Guia n° 08 do DOPS. Sua necrópsia foi feita, em 30 de dezembro de 1972, pelos Drs. Roberto Blanco dos Santos e Hélder Machado Paupério que confirmam a versão oficial de morte em tiroteio.

Seu óbito, de n° 142960, em nome de Luciana Ribeiro de Almeida, tem como declarante José Severino Teixeira. Foi enterrada como indigente no Cemitério Ricardo de Albuquerque (RJ), em 26 de fevereiro de 1973, na cova n° 22.824, quadra 21. Em 10 de abril de 1978, seus restos mortais foram levados para um ossário geral e, em 1980/1981, para uma vala clandestina, junto com cerca de 2.000 outras ossadas de indigentes.

Laudo (ocorrência n° 986/72) e fotos de perícia de local (ICE n° 7643/72) mostram Lourdes nas dependências da casa à Rua Valder Xavier de Lima. Interessante notar que, em algumas fotos, Lourdes está de relógio de pulso e em outras não.

 





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